Navegando um pouco mais…
Às 17:20 nossa chata parou para receber lenha miúda, à margem esquerda. Muitos mosquitos parakanãs e piuns, duas espécies um tanto venenosas. Deixam a pele vermelha e ardendo. O carregamento de lenha terminou lá para as 22 horas. O carregamento foi feito no lombo de homens para este fim contratados e pertencentes à tripulação. Quando se torna necessário, todos os tripulantes (menos os oficiais) são convidados a realizar o carregamento. Os contratados para esse trabalho, quando trambalham à noite, também ganham extraordinário. É dureza esse serviço… Rampas íngremes. Tempestades elétricas com chuvas longas e pesadas, seja dia ou noite! Cobras venenosas, acidentes de toda espécie: quedas e doenças, devido ao trabalho brutal.
Cerca de 5 da madrugada prosseguimos viagem, desenvolvendo ora velocidade maior, ora menor, dependendo da profundidade e dos obstáculos. Ventania forte e bem fria pela manhã. Praias e barrancos alternados em ambas as margens. Estamos passando pelo pitoresco seringal Naenin. E por muitos outros seringais e castanhais, imersos nas intermináveis florestas verdes. Às vezes, às margens dos rios há pequenos grupos de índios cujas tribos estão em fase de desaparecimento e decadência, às vezes em grande miséria. Nas florestas e nos rios há peixes ferozes, cobras venenosas ferozes e não ferozes. De todos os tamanhos são esses animais, dependendo dos lugares mais batidos pelo Homem. Há caça em abundância por toda parte: nas águas e na floresta. As onças pintadas e as vermelhas, e jacarés de todas as espécies, como a maracajá assú, onça feroz que se assemelha a um grande cachorro pintado.