MINHOCA MEMECA
Era uma vez, há pouquíssimo tempo atrás, uma minhoca chamada Marilyn. O apelido era Memeca. Ela vivia num minhocário, na lavanderia de um apartamento em Belo Horizonte. Memeca nunca tinha visto a luz do sol, e muito menos um horizonte, mas ela era feliz mesmo assim.
Felicidade de minhoca é muito mais por aquilo que elas não têm, do que por aquilo que elas têm. Por isso, todos os dias as minhocas do minhocário de Memeca se levantavam cedinho e agradeciam ao Grande Espírito por não terem contas a pagar, lição de casa para fazer e nem louça para lavar. Elas cantavam uma musiquinha louvando tudo aquilo que não precisavam fazer.
Memeca e suas companheiras tinham uma única obrigação na vida: comer e cagar. Cagando, elas produziam humus, e esse humus era utilizado na adubação das plantas do apartamento. No fundo, era por isso que elas eram alimentadas e bem-cuidadas. Mas no dia em que a Terra parou, o Grande Espírito foi obrigado a passar muito mais tempo em casa. Nessas, ele começou a achar que a produção de humus não era suficiente para suas novas necessidades. E de uma hora para a outra, Memeca e companheiras começaram a receber o dobro de alimentos. Elas começaram a ser pressionadas a comer mais, cagar mais, e acelerar seus delicados metabolismos de minhoquinhas básicas. Agora elas andam bem estressadas e se sentindo exploradas. Começam a achar que aquela vida é uma espécie de escravidão. Elas andam tendo ideias. Já falam em rebelião.
Assim, essa historinha vem mostrar que estamos todos passando por novos desafios. Seja você um adulto com contas a pagar, uma criança cheia de lição de casa para fazer, ou uma minhoca, com uma montanha de restos de alimentos para comer.