FORMIGAS FRANCISCANAS
Era uma vez, há pouquíssimo tempo atrás, num sitiozinho sossegado em algum lugar do Brasil, um formigueiro de franciscanas. Todas se chamavam Francisca porque no mundo das formigas todas são iguais. Elas têm um jeito diferente de pensar. Elas acreditam no trabalho coletivo e constante. Não existe intriga entre formigas.
Nenhuma formiga tem vontade própria ou questões particulares. Elas não acreditam em astrologia. Se Mercúrio está retrógrado, e daí? Elas estão cagando e andando para Mercúrio. Elas são um exemplo para nós.
Nenhuma formiga tem vontade própria ou questões particulares. Elas não acreditam em astrologia. Se Mercúrio está retrógrado, e daí? Elas estão cagando e andando para Mercúrio. Elas são um exemplo para nós.
Por isso, no dia em que a Terra parou, as formigas franciscanas seguiram trabalhando como se nada tivesse acontecido. Continuaram cavando túneis, construindo cidades e cuidando das futuras gerações. Elas nem imaginavam que enquanto seguiam suas vidinhas, havia muitos humanos sem ter o que fazer. E muitos desses humanos foram se dedicar aos seus jardins. Agora que tinham todo o tempo do mundo, e precisavam de alguma atividade para ocupar a cabeça, voltaram a atenção para as coitadas das formigas. Depois desse dia, nunca mais elas conseguiram devorar uma roseira, atacar um pé de limão, fazer um banquete de rúculas da horta. De repente, humanos grandalhões e obsessivos passaram a pegá-las no flagra, bem na hora do ataque. Saltavam de trás de arbustos, a qualquer hora do dia, e acabavam com a alegria delas. Para as formigas, essa quarentena tem sido um estorvo. Para quem cultiva roseiras de estimação, tem sido uma temporada de doce vingança.
