Flecha afiada
Cupido bateu as asas, pairou nos ares, e desceu até as sombras do Parnasso. De lá trouxe vários tipos diferentes de flechas, uma para despertar amor, dourada, afiada, cintilante. A outra, rombuda, e com ponta de chumbo, para levar embora todo o amor, e essa flecha grossa ele usou em Dafne, mas apontou a outra, a afiada, de ponta dourada, para Apolo, perfurando-o até os ossos, através da medula. No mesmo instante ele se apaixonou e no mesmo instante ela fugiu do apaixonado, refugiando-se nos lugares mais secretos da floresta, mimando os animais por ela feito cativos. Uma rival de Diana, deusa virgem, Dafne tinha muitos pretendentes, mas escorraçou a todos. Sem desejar nenhum homem, vagou pelos campos sem rumo e não tinha nenhum desejo fosse por marido, amor ou casamento. Seu pai sempre dizia:
“Filha, me dê um neto!”
Mas para ela a ideia de casamento era algo detestável, criminoso até. Então ela corava, abraçava o pai e tentava persuadi-lo.
Até esse ponto eu reproduzi as palavras do poeta Ovídio direitinho, alterando apenas a pontuação. Daqui em diante está me dando uma vontade de adaptar mais livremente o texto… No próximo parágrafo, por exemplo, tem um ponto bem nebuloso na narrativa. Não sei se é da edição com a qual estou trabalhando. Então, se vocês não se importarem, a partir de amanhã vou tentar uma nova abordagem. Afinal, isso é ou não é uma metamorfose?