Entrevista com Vó Úrsula, a avó com alma de ursa
Após uma breve pausa por questões envolvendo um pinguim chamado Orozimbo, hoje retomamos nossa série de Entrevistas com Personagens. Dessa vez a convidada especial é Vó Úrsula, que apesar da aparência de pessoa humana, tem alma e essência de ursa.
Pergunta: Vó Úrsula, gostaria que a senhora falasse um pouco sobre os efeitos que o nome “Úrsula” exerce no seu jeito de encarar a vida. Existe uma relação direita? O que a senhora tem a dizer sobre o poder das palavras?
R: Olá, Índigo. Obrigada por perguntar, e por me dar a oportunidade de dizer o que penso sobre isso. Nós nos conhecemos há tanto tempo, e você nunca me deu essa chance, não é mesmo? Mas eu sou uma mulher paciente e (após 16 anos), chegou o dia. Enfim. Podemos começar por aí. Paciência é uma virtude típica dos ursos, que hibernam durante os meses de inverno, para então voltarem na primavera. Essa é uma das minhas qualidades também, desde os tempos de menina. Sou naturalmente paciente. Ao mesmo tempo, sou uma mulher ativa, forte e enérgica. Sou carinhosa e amiga. No livro “Saga animal”, você me caracterizou como a melhor amiga do Ígor. Nisso você acertou em cheio. Eu faria qualquer coisa para proteger meus netos. Sinto um amor imenso por eles. Um amor infinito. Quanto ao poder das palavras, tenho até cautela para falar desse assunto. Com a idade tenho aprendido a pensar bem antes de falar. Tenho me disciplinado para saber o momento certo de falar certas coisas e principalmente, saber ouvir. Toda criança aprende a falar. Mas são raras as pessoas que aprendem a ouvir. Essa é uma habilidade que a gente só aprende depois de velho, somente depois de termos falado muitas besteiras e nos arrependido das consequências.
Pergunta: A senhora tem bichos de estimação?
R: Não, graças a Deus. Basta os bichos que Ígor traz para cá.
Pergunta: Quer dizer que ele continua tentando ter um bicho de estimação?
R: Não exatamente. Depois que eu dei aquele filhotinho de dálmata para ele, até que ele sossegou quanto a “ter” um bicho. Mas agora está empenhado no resgate de animais abandonados. Ígor descobriu que algumas pessoas oferecem suas casas como abrigos temporários, até que o bicho encontre um lar definitivo. Só que ele resolveu que a minha casa seria perfeita para isso. Como tenho o coração um pouco mole, nunca consigo dizer não.
Pergunta: A senhora não se apega aos bichos que ele traz?
R: Um pouco. Mais ou menos. Depende do bicho.
Pergunta: Gostaria de fazer uma pergunta um pouco indiscreta. A senhora continua namorando com Seu Barba?
R: Sim (responde com risinhos). Nós continuamos apaixonados, dá pra acreditar? Redescobrir o amor com a minha idade? Nunca achei que fosse viver uma paixão, a essa altura do campeonato. Estou com 71 anos. Quanto a gente se conheceu, eu tinha 55 e estava viúva há cinco anos. Eu estava até que bem, curtindo os netos. Mas daí conheci aquele maluco barbudo e minha vida virou de ponta-cabeça. Aliás, obrigada por ter me apresentado a ele. Depois de tanto tempo juntos, não tenho receio de dizer: somos almas gêmeas.
Que lindo isso, Dona Úrsula. Agradeço por ter me recebido, e pelas lições de sabedoria. Até a próxima!
R: Até, querida. E lembre-se que você ainda tem que escrever o Livro 03 da série. Estamos todos esperando por isso.
