Entrevista com Índigo sobre Rinoceronte Marcondes nas livrarias
Reportagem: Notamos que seu livro, Rinoceronte Marcondes, vem sendo vendido de um modo bem polêmico. Ouvimos vendedores comentarem que esse é um livro excelente para crianças mau educadas. O que você pensa disso?
Índigo: Eu fico mal pelo Marcondes. É verdade que no começo da história ele é bruto, sem educação, grosso e totalmente sem noção. Deve ter rolado uma identificação com crianças desse perfil. E os vendedores enxergaram aí uma oportunidade maravilhosa.
Reportagem: Numa das ilustrações, Rinoceronte Marcondes fica deitadão no sofá, bem folgado, comendo pizza. Inclusive, notamos que ele deixou cair um pedaço de calabresa no sofá e ficou uma mancha de gordura. Será que ele não é um mau exemplo para as crianças?
Índigo: Não. De modo algum. Ele é apenas um rinoceronte.
Reportagem: Mas a senhora gostaria que um rinoceronte deixasse manchas de calabresa no sofá da sua sala?
Índigo: Na minha casa nós não comemos carne portanto não haveria esse risco de pedaços de calabresa no sofá. E eu jamais permitiria que o Marcondes comesse no sofá da minha sala.
Reportagem: Por que a senhora insiste em dizer que Marcondes não é um mau exemplo?
Índigo: Porque ele evolui lindamente no decorrer do livro. Claro que não posso dizer como isso acontece, mas está lá. Marcondes é uma prova viva de como podemos nos tornar pessoas mais refinadas. Eu não acredito em “virar uma pessoa melhor”, mas sim na lapidação dos nossos defeitos. É um trabalho possível. Marcondes está lá para mostrar.
Reportagem: Seria “Rinoceronte Marcondes” um livro de auto-ajuda-versão-mirim?
Índigo: Possivelmente, mas isso depende do leitor. Eu diria que um leitor antenado pode se beneficiar bastante com a história do Marcondes. Dizem que pessoas sábias aprendem através das experiências dos outros. Talvez, ao ler esse livro, você aprenda algumas coisinhas e não tenha que passar pelo transtorno de ter um rinoceronte dentro de casa. Digo por experiência própria.