Enquanto isso, no tempo presente
Ontem estive na Medicina do Viajante, um serviço do hospital Emílio Ribas. Fui recebida por um médico cujo consultório era revestido por mapas de lugares como África, Índia e América Latina. Muitos alfinetes coloridos espetados nos mapas. Ele, sério e de jaleco.
– Para qual região da Amazônia você vai viajar?
Levantei-me, subi num banquinho e com o dedo indicador fui acompanhando o Rio Purus até chegar ao ponto destinado.
– Aqui – expliquei.
Ele balançou a cabeça e virou o monitor do computador em sua direção. Digitou alguma coisa. Voltei à cadeira e continuei olhando para os mapas, pensando em todos os outros pontos de epidemia que eu poderia visitar, por todo o planeta. Foi uma longa consulta. Conversamos sobre picadas de cobra, mordida de macaco e papagaios que aterrissam no ombro das pessoas. Falamos longamente sobre morcegos e ele fez perguntas como:
– No lugar onde você vai dormir, haverá um teto?
Ou:
– Como você pretende se alimentar?
Foi uma excelente consulta, bem diferente de um atendimento normal. Aos olhos dele o meu comportamento enquanto indivíduo podia ter implicações na saúde pública. Eu era como um possível foco de uma epidemia misteriosa num filme de ficção científica.
Ao final ele me deu um folheto do único repelente eficaz contra insetos amazônicos. Na capa, em vez da foto de uma mulher com chapéu de sol e biquíni branco, numa praia deserta, a imagem de um carrapato ampliado por uma lupa. E isso resume bem o clima da viagem que estou prestes a fazer, daqui a exatos 17 dias.
3 comentários
Uai, estou indo para região amazônica no fim do mês. Me passa essa dica aí do repelente.
Bjs.
Claro – anota aí: Exposis Extreme – é um frasco preto. Encontrei na Droga Raia. Boa viagem!!
Obrigado Índigo. Vou procurar para comprar. Bjs.