Contos do corpo, 3 – O botão
Um dia eu comi um botão. Estava no chão. Meti na boca e engoli. Até esse dia eu só comia papinhas. Eu queria uma coisa mais crocante. Ninguém viu. Só ficaram sabendo depois, quando saiu. Minha mãe o encontrou no meio do meu cocô. Nesse dia o cocô saiu mais esverdeado, e ela deve ter estranhado. Olhou com mais atenção. Mães sempre prestam muita atenção aos cocôs dos filhos. É um termômetro, para saber o que se passa com eles. Quando viu o botãozinho ali, ficou apavorada. Chamou meu pai e contou o que tinha acontecido. Ele olhou para a minha cara e viu que eu estava bem. O pior já tinha passado. Então ele tentou acalmá-la.
– É da minha camisa nova – explicou.
Pegou o botão com uma pinça. Lavou no tanque da lavanderia. Pediu para minha mãe pregá-lo de volta na camisa. Ela se recusou a pregar o botão de volta, e eles tiveram uma discussão. Ele disse que ela estava sendo irracional. Eu estava realmente bem, engatinhando pela casa, brincando com meus blocos de madeira. No fim ela cedeu. O botão voltou ao lugar e a vida seguiu.
2 comentários
Poxa vida passou um filminho em minha cabeça…será que toda mãe é assim meio doidinha? Muito bom kkkkkkkkkk.
Li o conto e deixei minha aluna Hevellyn ler logo depois. Não sei o motivo mas ficamos uma rindo da outra ( acho que no fundo ela pensou será que a Tati, minha pedagoga já fez isso com o filho dela?)
Agora eu tb quero saber: fez?