Birra
Por aqui, retomando o trabalho que andava parado desde o começo de dezembro.
É um momento perigoso. Sempre que retomo um trabalho de escrita, preciso reler tudinho para entender em que ponto eu estava. Nessas, começo a encontrar mil defeitos. Dá vontade de começar tudo do zero. Depois de quase um mês, o que eu havia escrito me parece antigo e imprestável. Tenho de me controlar para não meter o dedo no delete e exterminar meu próprio trabalho (que até um mês atrás estava ótimo, na minha opinião de 2014).
Então eu penso: mas por que isso? Será que meu padrão de exigência mudou tanto assim em apenas um mês? Será que nada mais tem validade? Ou será que esse é um mecanismo nefasto que eu mesma crio para que jamais conclua um trabalho? A-há!
Começo a desconfiar da minha implicância com as coisas que escrevo. Não é excesso de preciosismo. É outra coisa. É birra. É uma artimanha de quem adora escrever, mas não faz tanta questão assim de publicar. Se fico constantemente deletando tudo que escrevi para reescrever tudo de novo, jamais vou concluir trabalho algum. Assim, sempre terei o prazer de continuar escrevendo, sem ter de entregar o arquivo para o editor, que – insensíveis como eles são – não vão permitir que eu siga brincando com o texto. No fundo, no fundo, não me parece ser um trabalho. Está mais para uma brincadeira. É gostoso, eu me divirto e mesmo depois de tantos anos escrevendo, tenho dificuldade em levar a coisa a sério, e concluir.