Entrevista com Índigo sobre personagens sem voz e sem nome, mas que invadem seus livros.
Reportagem: Notamos que no seu livro, Rinoceronte Marcondes, existe um personagem que nunca é mencionada no texto, mas que tem uma grande presença na narrativa.
Índigo: Sim, você deve estar se referindo àquela cachorrinha ruiva, que faz mil caras e bocas.
Reportagem: Ela mesma. Ela tem nome?
Índigo: Para mim, tem. Mas no livro, não. Para mim o nome dela é Consuelo Máxima.
Reportagem: De onde surgiu Consuelo Máxima?
Índigo: Da cabeça da Silvana Rando, que foi quem ilustrou o livro. A Silvana acabou virando uma grande parceira de criação e se dá essas liberdades de enfiar personagens no livro, mesmo que não estejam no texto. Para ela o texto é como uma receita de bolo. Ela lê, assimila, e faz a ilustração do jeito dela, acrescentando seu próprio tempero.
Reportagem: Mas você não diria que a Consuelo Máxima acabou virando uma personagem super forte?
Índigo: Sim, convordo total. Se você reparar, ela tem uma leve semelhanças com a mãe do narrador. Isso me faz pensar sobre quem realmente manda naquela casa. Aliás, no final do livro, quem fecha a história é a Consuelo Máxima. Tudo isso acontece de um modo muito silencioso e discreto, mas está ali.
Reportagem: Reparamos que Consuelo Máxima toma café da manhã com a família, sentada à mesa da cozinha, e que ela bebe café. Você acha normal que uma poodle beba café?
Índigo: É descafeinado.
Reportagem: Mas sentada à mesa da cozinha?
Índigo: É mais comum do que você imagina. Além do que, para quem tem um rinoceronte dentro de casa… Acho coerente, se você pensar bem.