Oi, Pedro Vinícius
Tudo bem?
Agradeço por sua carta, muito inspirada e sensível. Acho que hoje, particularmente, eu estava precisando de uma mensagem assim.
Antes de responder a sua pergunta, devo explicar que quando cheguei lá na região de Brumadinho/ Casa Branca, já havia passado dois meses exatos desde o rompimento da barragem. Sendo assim, eu fui poupada de ver a lama toda e aquelas imagens que passaram na televisão. Eu cheguei no momento da reconstrução.
Sobre a sensação de entregar as cartas, deu um frio na barriga no início, pois eu não sabia qual seria o efeito disso. Muitas coisas passaram pela minha cabeça. Será que a iniciativa vai ajudar a sarar a dor da tragédia, ou será que vai despertar lembranças dolorosas? Mas no fim resolvi seguir minha intuição e ir em frente, acreditando no melhor. Foi uma boa escolha.
As cartas foram recebidas com uma mistura de surpresa, felicidade e conforto. O que eu ouvi de muitas pessoas é que para eles, o mais importante, é que o episódio não caísse no esquecimento. Algumas disseram que as cartinhas que vocês escreveram são um documento importantíssimo. É uma prova de como a tragédia atingiu pessoas do Brasil inteiro, até do interior do Paraná. Todo mundo que está minimamente ligado, testemunhou o crime ambiental cometido pela Vale do Rio Doce, uma empresa irresponsável e perigosa.
Quanto aos erros de português da sua carta – pelos quais você pede desculpas – fique tranquilo. Eu não dou muita importância a isso porque sei que é uma questão de treino. Dentro de poucos anos, muitos desses errinhos terão desaparecido do seu texto. Basta treinar e prestar atenção. É uma formalidade. Além do mais, com o tempo a gente passa a pegar amor por um texto elegante, correto, sem nenhuma sujeirinha. Algo me diz que você é desses, que zela pela elegância na escrita.
Um beijo, Índigo
